O Rio.

O Rio levou me bem,
Sofri, mas achava normal,
Chorei, mas achava banal,
E depois de um certo tempo, acostumei.

O Rio levou meu bem,
Já não sentia mais sua presença,
Passei a dormir e acordar sozinha,
Abandonada.

O Rio levou meu bem,
E todas as coisas que dividíamos,
Pratos, talheres a companhia.

O Rio levou meu bem,
Mas não foi bem assim,
Levou anos, meses e alguns dias.

Palavras

Por que palavras tocam meu coração tão dependente?
Por que me cortam a carne e fere minha alma?
Se é você, fruto de um tempo que deixou cicatrizes,
Marcas de um futuro que não existe mais.

Foi-se contigo os dias mal vividos e noites mal dormidas,
E hoje a felicidade é algo enraizado num coração leviano.

Foi embora como quem chora, quem demora...
E já tardava
Levou laços, dores, amores.
Para sempre.
No porta retrato apenas ausência e nada mais.